Primeira reunião no JAMAC: Contrafilé, Cássio Martins, Mônica Nador, Mauro, Fábio e Pedro Kyo:
Mônica e Mauro contam histórias sobre o Jardim Míriam e nos sugerem um local do bairro para o Parque para Brincar e Pensar
Mauro: Essa comunidade é um local que parece local de terra arrasada. Porque a Eletropaulo, para garantir o espaço, ela destruiu, quebrou as casas, deixou todos os negócios pendurados.
Mônica: Em baixo do fiozão...
Mauro: Em baixo do fiozão! Então é um negócio estranho, porque é tudo acabado, tem esgoto... e quando vocês apareceram e falaram que tem essa possibilidade de pegar e fazer uma intervenção, que é uma intervenção urbana, construir os brinquedos para as crianças, então eu pensei cá com meus botões: "lá seria um lugar interessante para colocar". E, muito mais do que isso, lá é um espaço para ser explorado, para ser melhorado, e a Dona Carmem, que é a pessoa que eu mais conheço lá, é uma referência.
Contrafilé: Mauro, e a escola onde você dá aula, é lá?
Mauro: É bem proxima. Vocês vão ver que tem duas escolas da prefeitura que são próximas. Tem a Sampaio Dória, o "Redondão", como o pessoal fala, e tem uma lá em cima do morro que é a Carlos Augusto. O diretor da Carlos Augusto, o Geraldo, eu conheço, é um cara legal, é professor de artes. A diretora da escola onde eu dou aula também é uma pessoal legal, de fácil acesso, a gente tem como pegar e conversar com ela também. Tem essa possibilidade... eu tô imaginando aqui, de articular, construir, não tem nada pronto.
Contrafilé: É uma possibilidade de trabalhar com crianças...
Mauro: Isso, exatamente. Falei inclusive com o Pedro aqui, porque que o Pedro, sendo arquiteto... eu sei que as condições, pra poder fazer uma intervenção, são extremamente complicadas, porque envolvem dinheiro, coisa que a gente não tem... mas em fim, é um potencial a ser explorado... e vamos conversar também com os moradores para discutir o que pode ser feito. Ver se eles realmente tem interesse... no caso da Dona Carmem, é claro que ela tem interesse, por que é um pessoal carente, ela tem lá as filhas delas, que tem mil problemas. A gente tem que estar lá dentro, conversando, vendo o que dá para fazer. Me parece ser a possibilidade de um projeto piloto para trabalhar neste tipo de comunidade onde a gente tem muita dificuldade de atuar.
Contrafilé: A gente pensou nisso também...
Mauro: Nós moramos aqui, eu moro aqui a minha vida toda, mas somos distantes, você não tá lá dentro, você não mora. As condições são diferenciadas. Apesar de morar aqui, não tenho o contato direto, de estar alí próximo, não sofro os mesmos problemas que as pessoas sofrem, querendo ou não, esta é a realidade. E quem sabe a partir por exemplo de uma intervenção como essa, vocês tem possibilidade de construir alguma coisa de substancial, de duradouro pra comunidade. E qual o meu objetivo? Claro, é político. De avançar politicamente, de emancipação política.
Contrafilé: É nosso também.
Mauro: E gancho para fazer isso muitas vezes a gente não tem, não sabemos fazer isso, e vocês tem mais facilidade. O que eu tenho a oferecer? Discurso? E alguém vai se alimentar do meu discurso?
Mônica: Ah, Mauro... seus discursinhos são bons! Olha só... olha há quanto tempo a gente tá te ouvindo! [risos...]
Mônica: Mauro, vou falar um pouquinho da minha experiência lá: eu vim pra cá com esse projeto de pintar as casas e o Mauro me levou lá. E lá é assim, super precário, bem no meinho da favela, do lado desse lugar onde a Eletropaulo passou com o trator e deixou aquele Iraque, como o próprio Mauro disse... demoliram as casas e deixaram lá, então virou um lixão, com aquele monte de esgoto correndo. Os canos das casas, que eram todas ligadas, de repente ficaram todos soltos no ar, tem um rio de cocô.
De onde vem a idéia de um Parque? O que estamos fantasiando neste primeiro momento?
Contrafilé apresenta alguns de seus trabalhos anteriores, assim como imagens/referências para este projeto
Mauro nos guia pelo Jardim Miriam
"Redondão" - escola pública onde Mauro é professor de geografia
À caminho do local imaginado por Mônica e Mauro como Parque
Dona Carmem, importante liderança, e Maria Eduarda, sua neta
Área desapropriada pela Eletropaulo, futuro Parque para Brincar e Pensar
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